(Vladimir carvalho) |
A chave para entrar no mundo de
simplicidade e pureza da poesia de Antonio Costta está contida no texto em
prosa delicada e direta que ele próprio escreveu abrindo o seu primeiro livro:
Um Juntador de Palavras (2003).
Ali ele já demonstra a sua sensibilidade para
os rústicos encantos do reino de sua infância, nascido que foi no seio de uma
família de humildes, mas honrados agricultores. Os apelos da terra, da natureza,
e os mistérios da existência foram desde sempre motivo de encantamento para o
menino e de recordação para o poeta. E tudo parece ter começado a partir do
momento em que lhe narraram as circunstâncias em que ocorreu a sua chegada
nesse mundo de meu Deus.
Ainda não vira a luz do dia, e a sua
mãe padecia das piores dores de um parto difícil quando sua avó paterna dá
entrada no recinto do quarto e propõe - a queima roupa e em versos concisos - a
troca do nome da criança de Fernando, como estava estabelecido, para Antonio
que era o do santo do dia:
“Menino que demora a nascer
só uma esperança lhe resta
por o nome dele Antonio
que ele nasce de pressa!”.
A mãe no auge das dores acolhe imediatamente a
simpatia e mesmo arquejando responde também em versos, manifestando a sua
aceitação:
“Se é pro menino nascer
e esse sofrimento acabar
então a partir de agora
Antonio vai se chamar!”
E o milagre se consumou: o menino
saltou para a vida no maior berreiro, mas são e salvo para alegria de todos.
Foi assim que Antonio veio ao mundo sob o signo da poesia e poeta haveria de
ser.
E Antonio cresceu e se entendeu de
gente em comunhão profunda com a paisagem a seu redor, em meio às gentes do
povo, na dura faina da roça, na escola da velha palmatória, nas festas
religiosas, nas procissões e nas cheias do rio Paraíba do Norte que banha a sua
Pilar natal – vivendo o mesmo mundo que marcou a vida e a obra do grande José
Lins do Rego, seu conterrâneo.
Foi esse repositório de sensações e
lembranças que tem virado matéria prima para a produção lírica de Antonio
Costta, agora acrescida da temática de
fundo religioso, depois de sua conversão ao evangelho, como atestam os poemas
de Poesia Cristã. Em Itabaiana, no convívio estimulante com o mestre Jessier
Quirino, Teresa Queiroga, Fábio Mozart e Ricardo Aguiar, entre outros, ele
segue se exercitando no aprendizado literário, sabendo como é dura a lida no
trato com as palavras, porque como disse Carlos Drummnond de Andrade, “Lutar
com as palavras / é a luta mais vã/ entretanto lutamos/ mal rompe a manhã”.
Esse é o seu desígnio, seu mister e
galardão.
VLADIMIR CARVALHO
(Cineasta e
Documentarista)
(Orlando Otávio, Vladimir Carvalho e Antonio Costta) |
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