sexta-feira, 3 de julho de 2015

Escritor Efigênio Moura escreve sobre o livro "A Moça do Coreto"

O coreto é a segunda parte arquitetônica principal de uma cidade. A primeira é a igreja. Mas em situações de viagem interior, o coreto ganha disparado, caso houvesse uma disputa. Você olha a Igreja e vê religiosidade, você olha para o coreto e ver saudade. Não importa o tempo, não importa o tamanho, não importa o local.


No Coreto se entra a qualquer tempo, do jeito que quiser, ele é tão presente que costumamos deixá-lo no passado.




Conheço e muito já fui ao Coreto, protagonista desse cordel de cumpade Antonio. Ali, pertinho de sua casa. Conversei, brinquei com sobrinhos e eu ainda adulto, esperei saudades se dissiparem e me protegi da chuva e das lembranças que arrodeavam a rodoviária velha e desgastada. Esperei por uma cheia do velho Paraíba que nunca veio e imaginei ser ali, um porto. Um porto seco repleto de nostalgia.

No artigo “Coreto”, o escritor português poeta Delmar Domingos de Carvalho disse que os coretos estão ligados às Filarmônicas e estas à linguagem do amor, a música. Concordo. Há romantismo somente em olhar o Coreto e é aí que entra a observação do poeta Antonio Costta.

É nesse momento, nesse encontro que tudo acontece, os olhos que nada veem para os normais, viajam em lembranças nunca vividas e imagino o poeta pilarense, ali, em pé, olhando o Coreto vazio fazendo uma tremenda zuada, e se eu observar melhor, vejo os olhos miúdos do poeta se mexendo, ora para as bandas de Pilar da onde se enfeita a menina Rosa, ora para dentro de Itabaiana, onde se propaga Luiz Ferraz.

Nem sei se são fictícios, e se forem, que beleza!

Que maravilha de cordel que entrega de vez a posição de Antonio Costta enquanto escritor, é porque antes havia uma dúvida se ele era mais Pilar ou Itabaiana e essa obra de arte mostra que ele consegue unir as duas cidades, como se não me existisse Galhofas, Jureminha, Jacaré, como se não mais houvesse fronteira entre essas duas belas cidades que tem, como sorriso, a presença de tão nobre poeta e tão valoroso amigo.

Ao longo dos seus três séculos de existência, poucos Coretos terão homenagem tão cristalina e sincera quanto essa que me atrevo a apresentar feita por quem entende de saudade e de letras.

Quanto ao amor, Antonio Costta é costa e frente suficiente em sua maneira impar e prazerosa de descrever e ler.

Obrigado poeta! Tenha certeza que se a menina Rosa se desviasse um tiquin do menino Luiz, naquela inauguração, esbarrava n’eu e aí, era minha estória que o senhor estaria contando.

Parabéns cumpade.

Saudades do amigo e família.

Efigênio Moura
(Escritor paraibano - membro da Academia Campinense de Letras)

0 comentários:

Postar um comentário

SIVUCA NA TV SUECA

FEIRA DE MANGAIO - SIVUCA E CLARA NUNES

SIVUCA E O BRASIL

Antonio Costta - no Programa Nossa Paraíba, da Tv Assembléia.

https://www.youtube.com/watch?v=ZTzl9AatbeM

Aracílio Araújo - Itabaiana é meu Canto