sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

CINCO OLHARES POÉTICOS NA DIREÇÃO DO AMOR

  por: Rubenio Marcelo *

            Nestes tempos em que vibram os sinos, convocando ao templo da humanidade os fiéis dos desígnios do amor e da paz, temos que verdadeiramente aplaudir os idealizadores de uma proposta como a que estamos presenciando nesta obra “O Poder do Amor”.
            Sabemos que se não jogarmos o grão fecundo na terra fértil, jamais poderemos desfrutar da boa colheita... Assim, se – em meio ao trêfego burburinho do cotidiano – não semearmos o amor, seremos apenas ermas e limitadas criaturas, seres afogados em desejos vãos. É pela força do amor que podemos amenizar (combater) a algidez dos corações e os descalabros de todas as estirpes nesse tenebroso vale terreno de clamores abissais. É, enfim, pelo poder do amor que nossos valores espirituais e as imperecíveis virtudes podem triunfar diante das falaciosas ilusões da matéria e os ultrajes mundanos. E aqui cabe aquela famosa sentença atribuída a Jimmi Hendrix: “quando o poder do amor superar o amor pelo poder, o mundo conhecerá a paz”.
            Outrossim, com sabedoria, Antoine de Saint-Exupéry afirmou que “Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção”. Destarte, em face desta citação, podemos certamente assegurar a prática lúcida/fiel do amor por parte dos cinco vates autores deste livro, que – explorando este nobre tema e conscientes de que não devem apenas [e simplesmente] permutar, entre si, os seus diversos poemas – direcionam, conjuntamente, a todos os seus leitores espalhados pelo mundo, os seus versos concebidos aos influxos deste que é o mais sublime dos sentimentos. Demonstram, portanto – os poetas Antonio Costta (Brasil), Maria Petronilho (Portugal), Alma Velásquez de La Mora (México), Cristino Vidal Benavente (Espanha) e Teresa Ovejero de Vinciguerra (Argentina) – estarem ajustados com a essência e o objeto do amor universal: o amor aos valores espirituais, às virtudes, à amizade, à solidariedade, à paz... enfim: o amor ao Amor e à poesia, como, verbi gratia, exterioriza Antonio Costta nesta assertiva: “O amor quando chega traz alegria, traz canção, traz ritmo e poesia!”.
         Em sua epístola aos Coríntios, Paulo de Tarso (o "apóstolo dos gentios") assevera acerca do amor genuíno: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria...”. Neste sentido, decantando, por sua vez, o Amor Supremo (e sempre leal à causa poética), o nosso bardo Antonio Costta, em reflexão, assegura no nosso tempo: “Amor verdadeiro tem força e luz, / tem sempre o brilho de Cristo Jesus! / e eternos versos para a poesia!”; e também: “Donde vem esta força soberana, / de que parte do universo ela emana / pra ter tanto poder nos atos meus?... / Esta força que está dentro da gente, / ah ela vem de um ser onipotente... / sim, ela vem das mãos do nosso Deus!”;  e ainda: “O amor é para nobres e plebeus, / pois o amor é a essência de Deus: / que nos faz nesta terra um vencedor!”. Nesta linha epifânica (e expressando a fé) temos também – neste livro – versos desta magnitude: “O amor de Jesus traz / o triunfo da luz! / a vitória do Bem / que triunfa Sem-fim!” - (Maria Petronilho);  e “Solo me puse a pensar / todo lo que nos diste / y el hombre aún hoy persiste / em ignorar tu destino. / Esse tu gesto divino de morir para salvarnos.”- (Teresa Ovejero de Vinciguerra). No mais, os poemas desta obra são matizados e tematizados com vívidas manifestações/formas do amor (significando afeição romântica, querer bem, carinho/estima, conquista etc).

         
   “O amor pede imortalidade” – assim atestou Platão na antiga Grécia. E é exatamente isto, a eternidade do amor, que os poetas que integram esta obra [cada um ao seu estilo] exercitam e defendem, como bem assevera Maria Petronilho: “amar é o ato de Ser, / e Ser É continuar...”. Quanto ao modus poetandi dos cinco autores, temos uma agradável e harmônica diversidade que, certamente, arrebatará e transcenderá os leitores em geral. Vejamos:
            Antonio Costta dá preferência aos sonetos despreocupados com o rigor da métrica (ou às exigências das escolas clássicas), que, no entanto, encadeiam ação e sentimento de maneira fluente e clara, num vibrante contexto de fé, de esperança e de amor (a sua lira afina-se com os ideais da virtude). Maria Petronilho, por sua vez, tece versos livres (brancos ou levemente rimados - e rimas ocasionais) e trabalha a palavra com intimidade natural, demonstrando estro identificado com um eu-lírico delicado e meigo. Alma Velásquez de La Mora, imprime eclético aspecto formal aos seus rebentos poéticos (com destaque para os sonetos decassílabos, poemas em versos de redondilha maior e em redondilha menor), que são sempre eivados de impressionante ritmo e sonoridade. Cristino Vidal Benavente é um mestre do soneto clássico e, neste livro, apresenta pérolas deste gênero poético (sonetos italianos/petrarquianos, ingleses, e alguns com estrambote), priorizando o verso decassílabo perfeito, mas também concebendo, com esmero, o alexandrino (e espargindo genuína poeticidade). E Teresa Ovejero de Vinciguerra deixa predominar em suas composições (qual o estilo de Maria Petronilho) o corrente versilibrismo e a linguagem espontânea, prevalecendo também em sua produção o verso branco sempre bem construído e bem dosado de imagens e metáforas que plenificam o inefável sentido do belo. Todos, enfim, manejando a palavra melodiosa [e o verso] com clareza de espírito e nobreza de caráter, e conferindo dignificantes mensagens poéticas em consonância com as sagradas vibrações da existência.
            Por tudo isto (e muito mais) a leitura desta obra torna-se um exercício prazeroso e necessário. Assim, que os nossos olhares cotidianos também sejam balizados pelos horizontes inefáveis destes cinco virtuosos olhares (que compõem esta coletânea poética)... sempre na direção do Amor... Assim seja!  
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* Rubenio Marcelo é membro e secretário-geral 
da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.
Campo Grande-MS


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