por: Rubenio Marcelo *
Nestes
tempos em que vibram os sinos, convocando ao templo da humanidade os fiéis dos
desígnios do amor e da paz, temos que verdadeiramente aplaudir os idealizadores
de uma proposta como a que estamos presenciando nesta obra “O Poder do Amor”.
Sabemos
que se não jogarmos o grão fecundo na terra fértil, jamais poderemos desfrutar
da boa colheita... Assim, se – em meio ao trêfego burburinho do cotidiano – não
semearmos o amor, seremos apenas ermas
e limitadas criaturas, seres afogados em desejos vãos. É pela força do
amor que podemos amenizar (combater) a algidez dos corações e os descalabros de todas as estirpes nesse
tenebroso vale terreno de clamores abissais. É, enfim, pelo poder do amor que nossos
valores espirituais e as imperecíveis virtudes podem triunfar diante das
falaciosas ilusões da matéria e os ultrajes mundanos. E aqui cabe aquela famosa
sentença atribuída a Jimmi Hendrix: “quando o poder do amor superar o amor pelo
poder, o mundo conhecerá a paz”.
Outrossim,
com sabedoria, Antoine de Saint-Exupéry afirmou que “Amar não é olhar um para o
outro, é olhar juntos na mesma direção”. Destarte, em face desta citação,
podemos certamente assegurar a prática lúcida/fiel do amor por parte dos cinco vates
autores deste livro, que – explorando este nobre tema e conscientes de que não
devem apenas [e simplesmente] permutar, entre si, os seus diversos poemas –
direcionam, conjuntamente, a todos os seus leitores espalhados pelo mundo, os seus
versos concebidos aos influxos deste que é o mais sublime dos sentimentos. Demonstram,
portanto – os poetas Antonio Costta (Brasil), Maria Petronilho (Portugal), Alma
Velásquez de La Mora (México), Cristino Vidal Benavente (Espanha) e Teresa Ovejero
de Vinciguerra (Argentina) – estarem ajustados com a essência e o objeto do amor
universal: o amor aos valores espirituais, às virtudes, à amizade, à solidariedade,
à paz... enfim: o amor ao Amor e à poesia, como, verbi gratia, exterioriza Antonio Costta nesta assertiva: “O amor quando chega traz alegria, traz
canção, traz ritmo e poesia!”.
Em sua epístola
aos Coríntios, Paulo de Tarso (o "apóstolo
dos gentios") assevera acerca do amor
genuíno: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o
metal que soa ou o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os
montes, e não tivesse Amor, nada seria...”. Neste sentido,
decantando, por sua vez, o Amor Supremo (e sempre leal à causa poética), o nosso
bardo Antonio Costta, em reflexão, assegura no nosso tempo: “Amor verdadeiro tem força e luz, / tem
sempre o brilho de Cristo Jesus! / e eternos versos para a poesia!”; e
também: “Donde vem esta força soberana, /
de que parte do universo ela emana / pra ter tanto poder nos atos meus?... /
Esta força que está dentro da gente, / ah ela vem de um ser onipotente... /
sim, ela vem das mãos do nosso Deus!”;
e ainda: “O amor é para nobres e
plebeus, / pois o amor é a essência de Deus: / que nos faz nesta terra um
vencedor!”. Nesta linha epifânica (e expressando a fé) temos também – neste
livro – versos desta magnitude: “O amor
de Jesus traz / o triunfo da luz! / a vitória do Bem / que triunfa Sem-fim!” - (Maria
Petronilho); e “Solo me puse a pensar / todo lo que nos diste / y el hombre aún hoy
persiste / em ignorar tu destino. / Esse tu gesto divino de morir para
salvarnos.”- (Teresa Ovejero de Vinciguerra). No mais, os poemas desta obra
são matizados e tematizados com vívidas manifestações/formas do amor
(significando afeição romântica, querer bem, carinho/estima, conquista etc).
“O amor pede imortalidade” – assim atestou
Platão na antiga Grécia.
E é exatamente isto, a eternidade do amor, que os poetas que integram esta
obra [cada um ao seu estilo] exercitam e defendem, como bem assevera Maria Petronilho:
“amar é o ato de Ser, / e Ser É
continuar...”. Quanto ao modus
poetandi dos cinco autores, temos uma agradável e harmônica diversidade
que, certamente, arrebatará e transcenderá os leitores em geral. Vejamos:
Antonio Costta dá preferência aos sonetos
despreocupados com o rigor da métrica (ou às exigências das escolas clássicas),
que, no entanto, encadeiam ação e sentimento de maneira fluente e clara, num vibrante
contexto de fé, de esperança e de amor (a sua lira afina-se com os ideais da
virtude). Maria Petronilho, por sua vez, tece versos livres (brancos ou
levemente rimados - e rimas ocasionais) e trabalha a palavra com intimidade
natural, demonstrando estro identificado com um eu-lírico delicado e meigo. Alma Velásquez de La Mora, imprime eclético
aspecto formal aos seus rebentos poéticos (com destaque para os sonetos
decassílabos, poemas em versos de redondilha maior e em redondilha menor), que
são sempre eivados de impressionante ritmo e sonoridade. Cristino Vidal
Benavente é um mestre do soneto clássico e, neste livro, apresenta pérolas
deste gênero poético (sonetos italianos/petrarquianos,
ingleses, e alguns com estrambote), priorizando o verso decassílabo
perfeito, mas também concebendo, com esmero, o alexandrino (e espargindo
genuína poeticidade). E Teresa Ovejero de Vinciguerra deixa predominar em suas
composições (qual o estilo de Maria Petronilho) o corrente versilibrismo e a linguagem espontânea, prevalecendo também em sua
produção o verso branco sempre bem construído e bem dosado de imagens e metáforas
que plenificam o inefável sentido do belo. Todos, enfim, manejando a palavra
melodiosa [e o verso] com clareza de espírito e nobreza de caráter, e
conferindo dignificantes mensagens poéticas em consonância com as sagradas
vibrações da existência.
Por
tudo isto (e muito mais) a leitura desta obra torna-se um exercício prazeroso e
necessário. Assim, que os nossos olhares cotidianos também sejam balizados
pelos horizontes inefáveis destes cinco virtuosos olhares
(que compõem esta coletânea poética)... sempre na direção do Amor... Assim
seja!
__________________________________________________________________
da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.
Campo
Grande-MS
0 comentários:
Postar um comentário